quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma mensagem de Natal individualista

Queridas e queridos,

ao longo destes três anos e pouco, tenho dividido com vocês perplexidades, anseios, dúvidas, indignações, alegrias, idéias, morfemas sentimentais… À diferença do que sustentam alguns, não tenho agenda nenhuma que não seja a aposta no mais radical, extremo e inegociável individualismo. Se tenho um norte, ele é tão-somente este: o homem não é e não deve ser reduzido a uma equação cuja resposta é um partido, um grupo, uma ideologia. Reajo, e reagimos, à tentativa ou de nos enquadrarem num projeto de poder ou de nos fazerem sabotadores desse projeto. Não somos nem uma coisa nem outra porque essa gente, esses utopistas do estado burocrático, esses reformadores de cartório, estes vigaristas de sonhos mesquinhos, nem mesmo são nossos oponentes qualificados. Eles não são NADA!

Pensam, tolamente, que apenas queremos este ou aquele na Presidência ou que rejeitamos esta ou aquela. Mas nós nem mesmo damos bola para os amanhãs gloriosos com que nos acenam ou para as punições com que nos ameaçam. Estamos olhando para outro lugar. Enquanto eles falam, enquanto eles prometem, enquanto eles vociferam, enquanto eles tentam fazer pouco de nossa resistência, estamos distraídos com o fundo de nossas próprias consciências, onde eles não entram. MAL SABEM QUE O NOSSO REPÚDIO AO QUE PENSAM DERIVA MENOS DE SUAS IDÉIAS SOBRE POLÍTICA E ECONOMIA DO QUE DE SUA IMENSA VULGARIDADE, tão ocupados em assegurar um pequeno cargo, um pequeno mando, uma pequena prebenda, um pequeno privilégio — de que se fazem as grandes falcatruas.

Nós somos aqueles que olharam para o estado há três, quatro séculos, e disseram: “Cuidado! Isso pode aprisionar a vontade; isto, potencialmente, mata a liberdade”. O nosso repúdio a seu mundo não depende de seguirem nisto ou naquilo as leis de mercado. ... Estamos entre aqueles que não aceitam o pagamento, que não aceitam a chantagem. Vivem-se dias miseráveis, de satanização da crítica, em que se pretende que todo anseio tenha o tamanho da promessa e da bazófia de um demiurgo matusquela. Ocorre que somos da antiga linhagem dos homens que dizem “não”.
(...)
Reinaldo Azevedo (24/12/2009, 04h51)

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